terça-feira, novembro 06, 2007

Playboy: muito além das páginas grudadas

Sempre que possível vou postar umas entrevistas que eu achar interessante, daquelas que podem ajudar no crescimento dos meus futuros colegas. No jornalismo, a entrevista é a base de tudo. Todas as informações são colhidas por meio de conversas com as fontes.

Sem mais delongas, vamos aos fatos. A primeira entrevista dessa nova seção do blog foi publicada na Playboy (sim! Existe muito mais do que mulheres desnudas na Playboy) em fevereiro de 2006. A repórter Adriana Negreiros entrevistou Tutinha Amaral, proprietário da rádio Jovem Pan e dono do Pânico.

Eu conheço pessoas que leram a entrevista e odiaram o cara, mas outras passaram a gostar mais do sujeito. No entanto, todos concordaram que a entrevista foi muito bem feita. Abaixo coloquei alguns trechos. Para ler na integra, clique aqui.

PLAYBOY> Você é um dos homens mais temidos da indústria fonográfica do Brasil. Por quê?
TUTINHA> Sou o mais temido, lógico. Sou assim mesmo. Se não tocar na minha rádio, a Jovem Pan, o artista não estoura. E não sou bonzinho. Se a música é ruim, digo para o artista: "Não vou tocar, seu disco é uma porcaria. Tchau e não me amola".

PLAYBOY> Muita gente diz que você é jabazeiro [que cobra jabá].
TUTINHA > Me chamem do que quiser. Na minha rádio tem nota fiscal, tô pouco me danando. O cara para entrar no Fantástico também paga. Jabá é quando você faz ilegalmente na empresa. O que eu faço são acordos comerciais.

PLAYBOY> Que tipo de acordo?
TUTINHA> Por exemplo: hoje chegam 30 artistas novos por dia na rádio. Por que eu vou tocar? Eu seleciono dez, mas não tenho espaço para tocar os dez. Aí eu vou nas gravadoras e para aquela que me dá alguma vantagem eu dou preferência.

PLAYBOY> Que vantagem?
TUTINHA> Se você tem um produto novo, você paga pra lançar. Era isso o que eu fazia. Eu tocava, mas queria alguma coisa. Promoção, dinheiro. Ah, bota aí 100 mil reais de anúncio na rádio. Me dá um carro pra sortear para o ouvinte. Mas hoje não tem mais isso. As gravadoras não têm mais dinheiro. O que pode existir é o empresário fazer acordo. Ah, toca aí meu artista e eu te dou três shows. Ou uma porcentagem da venda dos discos.

PLAYBOY> Isso não é jabá?
TUTINHA > Não. Na Jovem Pan nunca teve jabá. Antigamente as rádios tinham. Quando eu comecei a trabalhar, até me assustava. A Rádio Record ficava junto com a Jovem Pan. Na época, chegava o cara da gravadora e dava dinheiro, walkman, relógio para o radialista. Quando eu entrei, eu pegava essas coisas para a Jovem Pan. Nas outras rádios, os donos não estavam. Eu não tinha interesse em roubar a Jovem Pan. Queria fazer negócio. Antes o rádio era muito amador. Então a gravadora dava uma coisa pro cara, dava mulher.

PLAYBOY> Mulher?
TUTINHA> É, mandava o cara pro puteiro. As gravadoras faziam qualquer coisa pra tocar a música.

PLAYBOY> Alguma artista já tentou fazer sexo com você em troca de tocar a música na rádio?
TUTINHA > Já, mas não vou falar quem foi. Eu estava na minha sala, entrou uma mulher com um vestido, tirou o vestido e disse: "Se você tocar minha música..."

PLAYBOY> E a mulher estourou?
TUTINHA > Não, porque não tocou na Jovem Pan. E eu não a comi.

PLAYBOY> Era bonita?
TUTINHA> Meia-boca. Eu até falei: "Você tem um belo corpo, mas sua música é muito ruim".

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